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29/04/2013

Memórias da cheia de 1985

Já no ano de 1984, o inverno foi bem generoso. Todos os rios, córregos e lagoas, ficaram em seu limite pela regularidade da quadra invernosa. Em janeiro de 1985, as precipitações começaram e vieram quase que diariamente. Não demorou muito para começarem os relatos de açudes estourando, cidades sofrendo com a elevação das águas, até que um dia o Araibu começou a comprovar o que os outros diziam.
Memórias da cheia de 1985As águas subiam muito rápido, constante engolindo suas margens e retomando seu território de rio. Ouvíamos nos rádios os boletins de acompanhamento da medida dos açudes de Orós e do Banabuiu. Impressionante como as águas continuavam subindo em ritmo acelerado. Os dias pareciam feitos de “guache”.

Depois da cheia de 1974, não havia se visto uma enchente como aquela, diziam os mais velhos, pois a cidade já estava bem mais elevada pelas construções, aterros, estradas e calçamentos. Mesmo assim, a cheia de 1985 conseguiu desabrigar milhares de moradores das áreas ribeirinhas e na cidade, em todo o Vale do Jaguaribe.

As multidões se aglomeravam em tendas armadas pelo exército nos Tabuleiros de Russas próximo ao campo de aviação, outros ficavam alojados nas igrejas, colégios e outros prédios públicos. Os casos de doenças típicas desse período começaram a aparecer e se multiplicava entre as pessoas que precisavam ficar em um lugar coletivo. O campo de futebol do quartel ficou servindo como heliporto, assim como o Campo de Aviação João de Deus para os helicópteros maiores que traziam as mercadorias que eram distribuídas pelo Exército e pela Polícia Militar.

Uma imagem ainda marca muito a minha experiência pessoal: um dia acordei as 5:30 da manhã para ir à aula de Educação Física, morava na rua Monsenhor João Luiz, próximo a capelinha das Irmãs. Ao sair no portão avistei uma das imagens que jamais sairão da minha memória. A água do rio passando calmamente enfrente da minha casa, não havia mais calçamento, só água, que vinha serpenteando e já subindo as calçadas mais altas.

Olhando para o lado da UNECIM, vi uma névoa densa sobre o rio da minha rua. E dela surgiu, em vez de um carro, um grande barco de madeira. Quem o trazia era o senhor Zé Lázaro, comerciante até hoje daquela rua. Com o barco carregado com os mantimentos que vendia, passou enfrente a minha casa, vagarosamente deslizando, como se fosse comum. Apesar das muitas famílias desabrigadas temporariamente e as perdas de lavouras e criações, quando as águas seguiram seu rumo, iniciou um período de muita fertilidade na agropecuária jaguaribana.

Hider Albuquerque

Professor especialista em ensino de História; Historiador Pesquisador; Escritor; membro da diretoria da Academia Russana de Cultura e Arte (ARCA); Compositor e ligado ao movimento Cultural de Russas; Fez parte do Grupo Teatral Arco-Iris; membro fundador da OFICARTE Teatro e Cia; Professor na EEM - Escola Manuel Matoso Filho; Blogueiro.

Fonte Dessa Noticia: Quer Saber Mais Clique Aqui ( Tv Russas )


27/04/2013

Águas do Açude Figueiredo inundam cemitério em Iracema

 Moradores da zona rural estão revoltados, pois temem não mais resgatar os restos mortais de familiares
Iracema A antiga comunidade de São José dos Famas, desapropriada para a construção da Barragem do Figueiredo, neste município, teve seu cemitério inundado com a chuva das últimas semanas. O processo de transferência dos restos mortais para o novo cemitério ainda não foi iniciado pelo Instituto de Desenvolvimento Agrário do Ceará (Idace), responsável pelo reassentamento da população. Moradores estão revoltados e temem não ser possível realizar o resgate. De acordo com a Superintendência do Idace, haverá uma vistoria na próxima semana para avaliar a situação.

Na comunidade de São José dos Famas, as famílias apontam a omissão dos órgãos responsáveis pelo processo. A barragem recebeu as primeiras águas que invadiu o campo-santo FOTO: JANUÁRIO LIMA

"Imagine você ter seu pai e sua mãe enterrados em um cemitério e de repente a água cobrir tudo. Como você se sentiria?". Esse foi o questionamento em forma de desabafo e revolta, da aposentada Maria do Socorro Souza, 62 anos, quando soube que o cemitério da velha comunidade de São José dos Famas, desapropriada para dar lugar ao Açude Figueiredo, estava coberto de água. Ela acusa falta de interesse dos responsáveis, já que, segundo ela, o novo cemitério foi concluído primeiro do que as novas residências.

Ela conta que várias pessoas da comunidade estão indignadas e que ninguém se pronunciou a respeito. "Está todo mundo revoltado aqui! Eles não fizeram porque não quiseram e, agora, ninguém aqui sabe como vai ser porque ninguém fala nada. O cemitério já está cheio d´água e ninguém sabe como vai ser", desabafa Socorro.

Quem mora na sede do município se solidariza e se indigna com a situação vivida pelos moradores. A vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Iracema, Anofia Oliveira, conta que a entidade tem acompanhado esse problema. "Nós estamos acompanhando essa situação. Semana passada, a Justiça passou um alvará pro Idace há uns 15 dias, autorizando a retirada. A comunidade está sofrendo com toda essa mudança, já que os restos mortais dos familiares não foram retirados e estão todos debaixo d´água agora", lamenta Anofia.

A barragem atinge as comunidades de Lapa, em Potiretama; distrito de São José dos Famas, Assentamento Boa Esperança e localidade de Água Nova, em Iracema; e uma pequena parte do município de Alto Santo. No total, 120 famílias tiveram que ser reassentadas pelo Dnocs para a construção do reservatório.

Dificuldade

O açude, que possui capacidade de 520 milhões de m³, já acumula 10 milhões de m³ em decorrência da chuva que chegou à região na última semana. O volume está na cota do "porão", segundo afirmou o engenheiro e integrante da Comissão de Fiscalização das obras, Augusto Guerra. De acordo com ele, se a chuva permanecer durante as próximas semanas, haverá muita dificuldade na retirada dos restos mortais de familiares dos moradores da comunidade.

Segundo Guerra, houve "acomodação" para a realização desse processo. "O Dnocs firmou convênio com o Idace onde eles ficariam responsáveis pelo reassentamento da população, incluindo essa transferência dos restos mortais do antigo para o novo cemitério. As casas foram concluídas, as famílias foram reassentadas e faltou justamente essa questão do cemitério. Os recursos já foram 95% transferidos para o Idace e nós estamos cobrando ações imediatas para resolver essa questão", explica.

De acordo com o superintendente do Idace, Ricardo Durval, só é possível mexer no cemitério depois que for expedida autorização do Juiz da Comarca Iracema, caso contrário seria crime de violação de sepultura. "O Juiz deu o alvará judicial há 15 dias e pediu notificássemos algumas autoridades. Além disso, precisamos de uma logística que já negociamos com duas empresas que estão trabalhando no Figueiredo. Diante da demora das empreiteiras em preparar os equipamentos adequados para o trabalho, não pudemos realizar a atividade ainda", explica Durval.

Ele conta também que dois funcionários do Dnocs estão à disposição para ajudar no trabalho e que todo o processo tem que ser acompanhado pelas famílias. Na próxima semana o superintendente fará uma visita ao local para avaliar a situação e ver o que poderá ser feito. "Só depois de quarta-feira é que vou poder me posicionar sobre o que será feito diante disso", concluiu Durval.

Depois de muitos conflitos judiciais envolvendo as obras da Barragem do Figueiredo, a obra foi entregue somente no dia 10 de janeiro passado.

O açude abastecerá toda a região do Baixo Jaguaribe, principalmente os municípios de Iracema, Alto Santo, Potiretama, Ererê e Pereiro.

Além do abastecimento humano, o reservatório terá a função de controlar a cheia na região e incentivar a aquicultura e agricultura irrigada do Baixo e Médio Jaguaribe.

Chuvas prejudicam áreas de risco
Limoeiro do Norte A chuva que caiu nas últimas semanas no Vale do Jaguaribe fez surgir antigos e novos problemas. Localidades deste município enfrentam o acúmulo de água em diversas ruas e com isso o difícil deslocamento para outras comunidades. Outra problemática causada pela chuva é a CE-265 que liga os município de Limoeiro do Norte e Tabuleiro do Norte. Em épocas de chuva, o trecho que compreende a passagem molhada fica quase intransitável.

No Conjunto Habitacional Estrada das Flores, os atoleiros e as águas acumuladas dificultam a vida das 488 famílias da comunidade FOTO: ELLEN FREITAS

Moradores do Conjunto Habitacional Estrada de Flores tiveram o acesso à comunidade barrado pela água que caiu no último fim de semana. A chuva de 105.3mm na última semana alagou o principal acesso do conjunto. As casas foram construídas no terreno da antiga Lagoa da Velha Rosa, onde não houve projeto de saneamento básico para o escoamento da água. No conjunto, residem 488 famílias.

Há apenas cinco meses da nova moradia, os populares já enfrentam problemas com ruas alagadas e a água ameaçando entrar em algumas casas. De acordo com uma moradora que preferiu não ser identificada, a Prefeitura já foi procurada para ajudar a resolver o problema.

"Desde que teve a chuva, ficou desse jeito. Várias pessoas já atolaram tentando sair. Nessa semana, uma mulher caiu de moto. Se chover como naquele dia, não sei como vai ser não", conta a moradora.

Para improvisar, os populares fizeram um acesso à comunidade passando pelo terreno onde esta sendo construída a Escola de Educação Profissional. Como a obra esta parada por conta da chuva, os moradores retiraram parte da cerca e colocaram entulho e madeira, improvisando a nova passagem. Em algumas ruas, há muita água acumulada ameaçando invadir as casas. Os moradores usam areia para tentar conter o alagamento.

O problema não está somente em algumas localidades próxima ao Centro da cidade, na comunidade de São Raimundo, zona rural do município, há trechos onde a água esta "na altura da canela", segundo o morador Renato Moraes.

"A água que fica acumulada aqui pelo Centro acaba indo pra comunidade, porque é o caminho para a escola. A situação está muito feia, tem local que, para a moto passar, a água fica mais ou menos na altura da canela", diz o morador.

De acordo com o secretário de Infraestrutura do município, Lauro Rebouças Filho, o problema só será resolvido com a execução de um projeto de drenagem.

"Infelizmente, o conjunto habitacional não foi construído em uma área adequada. Primeiramente foi construído no terreno de uma antiga lagoa e não houve projeto de drenagem da água. Então, toda vez que chover muito, a água vai ficar acumulada", afirma o Secretário.

De acordo com ele, o que a Prefeitura pode fazer no momento é improvisar os acessos da população às áreas afetadas.

Laurinho, como é conhecido o secretário, também conta que outros bairros passam pelo mesmo problema. "O bairro Bom Nove também enfrenta essa problema, algumas ruas do centro da cidade, e as comunidades rurais mais próximas acabam sendo afetadas. Se houver a drenagem da água, resolve todo o problema", enfatiza.

O secretário afirma que já houve reunião com o prefeito Paulo Duarte e está sendo contratada uma equipe para fazer o projeto de drenagem, começando primeiramente pelos locais mais críticos. A água terá como destino o Rio Jaguaribe.

"Após a conclusão do projeto vamos à busca dos recursos. Não é uma obra muito complexa, mas precisamos de apoio. No mais tardar em julho ou agosto, que é o período do verão, o projeto estará sendo executado", conclui o secretário municipal.

Outra área que sofre com as chuvas é o trecho da CE-265 que interliga os municípios de Limoeiro do Norte e Tabuleiro do Norte. Os buracos e a piçarra, que é constituído parte do trecho, ficam praticamente intransitável para alguns motoristas na época do inverno.

Recuperação

No último fim de semana, um ônibus que faz a linha entre estes dois municípios atolou. De acordo com o funcionário da empresa CBC, que presta serviço para o Departamento de Estradas e Rodovias (DER), Francisco Cândido, a empresa foi acionada para realizar reparos no local. A obra teve início na manhã da última quarta-feira.

Também na manhã de quarta-feira, a Companhia (Cogerh), realizava o trabalho de retirada das comportas da passagem molhada de Tabuleiro do Norte, para que a água seguisse seu curso com mais facilidade. O trecho é sempre problemático neste período. "Quando aumenta o fluxo de água no trecho, nós retiramos as comportas para aumentar o sistema. Quando tem pouca água, ela é barrada para atender a outros rios da região", explica o técnico da Cogerh, Valvenargue Guimarães.

Mais informações
Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs)
(85) 3223.2552; Instituto de Desenvolvimento Agrário do Ceará (Idace), (85) 3101.2473

ELLEN FREITASCOLABORADORA

16/04/2013

Idade suficiente para ser um criminoso?


Idade suficiente para ser um criminoso?
Crianças abaixo de uma certa idade é muito jovem para ser responsável por quebrar a lei. Esse conceito é explicitado na Convenção sobre os Direitos da Criança, que apela para as nações para estabelecer uma idade mínima ", abaixo do qual as crianças devem ser consideradas como não têm capacidade para infringir a lei penal." Mas a Convenção não estabelece uma idade específica, e isso varia muito. As normas internacionais, tais como as Regras de Beijing para a justiça juvenil, recomendar que a idade de responsabilidade criminal basear-se em maturidade emocional, mental e intelectual e que não ser fixado muito baixo.
O Comitê sobre os Direitos da Criança, que monitora a implementação dos países da Convenção, recomendou que a idade ser guiada pelos melhores interesses da criança.
Em os EUA, a idade de responsabilidade penal é estabelecida por lei estadual. Apenas 13 estados fixar idades mínimas, que variam de 6 a 12 anos de idade. A maioria dos estados invocar o direito comum, que sustenta que desde a idade de 7 a 14 anos de idade, as crianças não se pode presumir que assumir a responsabilidade, mas pode ser responsabilizado.
No Japão, os infratores com idade inferior a 20 são julgados em um tribunal de família, em vez de o sistema judicial criminal. Em todos os países escandinavos, a idade de responsabilidade criminal é de 15, e os adolescentes menores de 18 anos estão sujeitos a um sistema de justiça que é voltado principalmente para os serviços sociais, com o encarceramento como o último recurso. Em abril de 1997, apenas 15 jovens estavam servindo uma sentença de prisão na Suécia.
Na China, as crianças de idade entre 14 e 18 anos são tratados pelo sistema de justiça juvenil e pode ser condenado à prisão perpétua por crimes particularmente graves.
Na maioria dos países da América Latina, a reforma da legislação de justiça juvenil está a caminho. Como resultado, a idade de responsabilidade criminal adulto foi aumentada para 18 no Brasil, Colômbia e Peru. Crianças dos 12 aos 18 anos são responsáveis ​​sob um sistema de justiça juvenil.
A grande variação na idade de responsabilidade criminal reflete uma falta de consenso internacional, e do número de países com menor idade indica que muitos sistemas de justiça juvenil não considerar adequadamente os melhores interesses da criança.
Idade de responsabilidade criminal é apenas uma variável que influencia como os jovens são tratados por sistemas de justiça. Outras variáveis ​​incluem se há uma lei juvenil separado com base em direitos da criança; se um jovem está sujeito a sanções punitivas ou apenas a medidas sócio-educativas, e se o país tem sistemas de tribunais e prisões separadas para os jovens. Um sistema de justiça juvenil fornece proteções legais e um padrão objetivo para o tratamento. Na sua ausência, os jovens podem ser tratadas pelo sistema de justiça criminal para adultos ou ser mantidos em custódia "protetora", onde eles não têm proteção legal e pode enfrentar tratamento arbitrário ou agressivos.
Fonte Dessa Noticia : Saber Mais: Clique Aqui


Idade de responsabilidade penal   
idade mínima em que as crianças estão sujeitos à lei penal em países com 10 milhões ou mais filhos menores de 18 anos México    * 6-12
Bangladesh    7
Índia    7
Mianmar    7
Nigéria    7
Paquistão    7
África do Sul    7
Sudão    7
Tanzânia    7
Tailândia    7
United States    7 **
Indonésia    8
Quênia    8
UK (Escócia)    8
Etiópia    9
Irã    9 ***
Filipinas    9
Nepal    10
UK (Inglaterra)    10
Reino Unido (País de Gales)    10
Ucrânia    10
Turquia    11
Coréia, Rep.    12
Marrocos    12
Uganda    12
Argélia    13
França    13
Polônia    13
Uzbequistão    13
China    14
Alemanha    14
Itália    14
Japão    14
Rússia    14
Viet Nam    14
Egito    15
Argentina    16
Brasil    **** 18
Colômbia    **** 18
Peru    **** 18

    Congo, Dem. Rep. -

* A maioria dos estados 11 ou 12 anos;. Aos 11 anos por crimes federais      ** Idade determinada pelo estado, a idade mínima é de 7 na maioria dos estados de direito comum.     *** Idade 9 para meninas, 15 para os meninos.   
**** idade Oficial de responsabilidade criminal, a partir de ações idade 12 crianças estão sujeitas a processos judiciais juvenis.    Fontes: Relatórios do País CRC (1992-1996); justiça juvenil e delinquência juvenil na Europa Central e Oriental , 1995; das Nações Unidas, a implementação dos mandatos da ONU sobre Justiça Juvenil em ESCAP , 1994; Geert Cappelaere, Centro de Direitos da Criança, da Universidade de Gent, na Bélgica.

14/04/2013

Antiga Jaguaribara reaparece nas águas do Açude Castanhão

Reportagem visitou as ruínas da cidade, que desapareceu com a construção do maior reservatório do Ceará  14.04.2013

Jaguaribara O sertão que virou mar diante dos "jaguaribarenses", há mais de uma década, voltou a emocionar a população, quando a seca decidiu revelar as ruínas da antiga cidade. O Açude Castanhão, responsável por transformar a vida de inúmeras famílias, hoje devolve um pouco de uma história de luta e partida, acompanhada de momentos importantes da cidade e do Estado.

Postes de iluminação pública indicam onde ficavam as ruas, 11 anos depois da inundação Fotos: Ellen Freitas

Da parede da barragem é impossível saber onde se localiza a antiga cidade, que fica há cerca de 50 km de distância da nova sede. A reportagem acompanhou, com exclusividade, a primeira visita às ruínas da Velha Jaguaribara após 11 anos de sua inundação. Para chegar ao local foi preciso navegar durante uma hora, sendo esta a rota mais próxima. A visita foi acompanhada pelo vereador Mathusalém Maia, que foi o primeiro a saber das ruínas, a Coordenadora de Cultura do município, Mariane Souza e pelo guia Gil Queiroz, sendo os dois primeiros antigos moradores da cidade.

Nos primeiros quilômetros, era quase impossível de imaginar o que haveria ali. A cidade teve mais da metade dos seus prédios e casas demolidos e tudo ficou submerso durante todo esse tempo. Aos poucos, o trajeto foi se revelando pelos galhos das árvores e pelas grandes pedras que indicavam o caminho da velha localidade. As primeiras surpresas foram os postes que levavam eletricidade. Eles resistiram à força das águas e se mantiveram de pé, dando uma vaga ideia de como era a região.

Reminiscências

De repente, já estava em vista os escombros da antiga caixa d´água no bairro São Vicente, que abastecia toda a cidade. As ruínas foram trazendo à tona o que existia ali.

"Eu não tinha grandes expectativas na ida porque eu já tinha visto a cidade toda demolida antes das águas cobrirem, mas quando eu avistei de longe a caixa d´água me veio na cabeça o tempo em que tudo ainda estava ali. Lembrei de quando eu corria por ali de bicicleta, dos jogos no campinho em frente. Faz tanto tempo que eu deixei o lugar, mas me senti de novo em casa, na minha cidade, no meu lar, onde vivi metade da minha vida", recorda Mariana. Ela tinha apenas 12 anos quando viu toda a sua cidade virar escombros.

E logo ali em frente dava para ver o enfileirado de postes de iluminação, os alicerces das residências, os locais onde ficava a pracinha, a igreja, as casas dos amigos, o rio que era o principal lazer dos moradores e a vida que existia, debaixo de milhares de metros cúbicos de água.

Navegando pelo local mais uma surpresa. O monumento erguido em homenagem ao centenário de morte do revolucionário Tristão Gonçalves de Alencar Araripe estava totalmente descoberto, cercado por antigas árvores. Alí, sucumbiu o então Presidente da Confederação do Equador no Ceará, morto por tropas imperiais. A revolução pretendia emancipar os estados do Nordeste dos domínios da Coroa e instalar um regime republicano.

Na época, a localidade era conhecida como Santa Rosa, pertencente ao território de Jaguaretama. Tristão morreu lutando em 30 de outubro de 1824. No centenário de sua morte, em 1924, o Instituto Ceará ergueu o monumento no local exato onde seu corpo foi encontrado, pendurado em uma árvore.
 

Redução do nível da água revela a história, como o monumento erguido no local onde morreu Tristão Gonçalves. Pequena casa alugada tenta preservar o que restou

Explorando ainda o local, foi avistada uma casa que não foi encoberta pela água. Era residência do fazendeiro mais importante da cidade, Melanias Bezerra. Ao ver os escombros da casa onde nasceu, Mathusalém não conteve as lágrimas. Depois de alguns minutos em silêncio, observando a grande pilha de tijolos, ele conta que sua casa era uma das que não haviam sido demolidas e descreve emocionado o que havia ali.

Na internet

"Eu e meus irmãos, brincávamos debaixo dessa árvore, lembro de ficar correndo com os meninos, nesse espaço da frente. A gente costumava ir ajudar o papai a espremer cana-de-açúcar pra gente tomar com limão", conta, emocionado. De volta à sede, os primeiros registros fotográficos feitos pelos que estiveram na visita ganharam as redes sociais. Sensibilizadas, algumas pessoas choraram ao relembrar com saudades da antiga cidade e de tudo o que viveram. As lembranças voltam como um filme triste. Houve até quem dissesse ter vontade de reconstruir tijolo por tijolo, para voltar aquele tempo.

O projeto de construção do açude foi um choque para a população, segundo conta a Irmã Maria Bernadete, que acompanhou como tudo aconteceu. "Em 1985, Jaguaribara vivia seu melhor momento tanto político quando de mobilização social e, de repente, veio essa notícia de que seria evacuada para construção da barragem.

Resistência à obra

Foram sete anos de luta contra a construção da obra, tudo o que pudemos fazer foi feito e, em 1999, foi dada a licença de instalação. "Não podíamos fazer mais nada", relata.

Diante de brigas na Justiça por alguns direitos que até hoje não foram conquistados, pendências com relação à posse de casas e lotes para os agricultores, Irmã Bernadete conta um dos momentos mais emocionantes de toda essa história.

"Havia um pescador, inconsolado de cócoras ao lado do rio, chorando muito. Sua mudança já estava toda no carro e estavam aguardando ele para partir. Eu fui até ele e fiquei do seu lado, quando ele perguntou ´ Irmã, como é que eu vou me separar desse rio?´, e eu respondi que ele voltasse lá sempre que sentisse saudades. Depois disso não o vi mais nem recordo de seu nome, mas eu me emociono todas as vezes que lembro de seu sofrimento ao ter de deixar o lugar", relata a irmã.

Documentários, reportagens, livros, artigos, há uma vasta literatura sobre a história da Velha Jaguaribara. Porém, o que há de mais precioso, as pessoas carregam em suas memórias e em seus corações. Sentimentos que jamais poderão ser descritos com tamanha intensidade. Só quem viveu e viu toda a história acontecer sabe o quanto é importante preservar a memória do lugar para manter a identidade dos novos moradores.

Hoje, a população aguarda ansiosamente o projeto de construção da Casa da Memória, um museu que contará toda a história desse momento importante para a história da cidade. Os poucos objetos que restaram da velha cidade coberta pela água estão expostos em uma pequena casa alugada pela Prefeitura.

ELLEN FREITAS
COLABORADORA

Fonte Desse Reportagem: Quer Saber Mais Clique Aqui

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